quarta-feira, 21 de março de 2012

A boa aparência pode enganar: "gangue das loiras"


"As belas e perigosas integrantes da Gangue das Loiras, criminosas investigadas pela Delegacia Antissequestro do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), eram chefiadas pela única morena do grupo. Ao lado do marido Wagner de Oliveira Gonçalves, o Fifi, Monique Awoki Scasiota é apontada pela Polícia Civil como líder da quadrilha especializada em usar o charme de suas ladras para assaltar condomínios e realizar compras com documentos falsos e cartões de crédito roubados. 



Em dezembro do ano passado, uma jovem de 29 anos foi rendida por um casal no  Jabaquara, na Zona Sul. Enquanto a vítima estava em poder dos assaltantes, uma segunda criminosa realizou compras com seus cartões. Dias depois, uma mulher de 55 anos sofreu um sequestro relâmpago semelhante no Ipiranga, também na Zona Sul. Era assim que a quadrilha agia: Wagner estava sempre com uma mulher quando abordava as vítimas, normalmente em estacionamentos de shoppings e grandes lojas.

Um detalhe em comum entre os casos chamou atenção da polícia – a assaltante era chamada de “Bonnie” e se referia ao parceiro como “Clyde”, uma referência ao casal de ladrões mais famosos do cinema.

Segundo o delegado Alberto Pereira Matheus Júnior, responsável pela investigação do caso, esse era um código da quadrilha para que os nomes dos integrantes não fossem pronunciados. “São criminosos com uma formação sócio-econômica diferenciada. Eram extremamente organizados.”
No último dia 9, a polícia prendeu Carina Geremias Vendramini, de 25 anos. Ela estava sendo monitorada pelos investigadores e foi reconhecida em dois assaltos.  A prisão aconteceu em Curitiba (PR), onde Carina levava uma vida normal com o marido e a filha. “Ela tinha uma dupla personalidade. Quando viajava para São Paulo, participava dos assaltos com a gangue”, conta Matheus Júnior.  A prisão de Carina só foi divulgada pelo DHPP nesta semana.
 
Crime e sedução/ Em seu depoimento, Carina contou que Monique era amiga de infância de sua irmã Vanessa, também procurada. Nos ensaios de uma escola de samba, Wagner as convenceu a “ingressar no mundo do crime”. O suspeito, segundo Carina, usava mulheres bonitas para despistar os porteiros dos condomínios de alto padrão em que costumava realizar assaltos.

A Gangue das Loiras teria sido formada entre os anos de 2006 e 2007 e, desde então, realiza encontros semanais em uma doceria na Bela Vista, na região central, para combinar assaltos. A  polícia estima que o grupo cometia pelo menos três crimes por semana.
A gangue agia nas zonas Sul e Oeste e em bairros nobres do Rio de Janeiro. A polícia acredita que,  além das seis mulheres identificadas, outras jovens participavam do esquema. Carina garante que está afastada do grupo e não comete mais crimes. O último sequestro em que a quadrilha foi identificada aconteceu dia 13 de março e a vítima é uma idosa de 76 anos.
Vivendo em  Curitiba, Carina tinha marido e emprego fixo
Para o delegado que conduz a investigação sobre a Gangue das Loiras, Carina Vendramini tem uma “mente criminal”.
Aos 25 anos, a jovem fala inglês fluentemente, cursou até o penúltimo ano de comércio exterior e morou na Nova Zelândia. Foi nesse país que a moça conheceu o homem com quem se casou e teve uma filha. Em Curitiba, no Paraná, ela levava uma vida pacata e tinha emprego fixo.
Mas a bandidagem sempre esteve presente na vida de Carina. Apesar de ter estudado em um dos colégios mais caros da capital e de ter sido criada em um apartamento no Morumbi, bairro nobre da Zona Oeste, seu pai foi condenado em 1970 por genocídio e a mãe tem passagem por estelionato.
Carina ("Bonnie"), casada e mãe.  Morava em Curitiba. Acusada de praticar os crimes em SP.   
Em 2008, Carina cumpriu pena na Penitenciária Feminina de Santana por envolvimento em um sequestro relâmpago. À época, namorava um traficante ligado a uma facção criminosa. O rapaz foi encontrado morto dentro de um carro carbonizado em 2009 na Vila  Cachoeira, Zona Norte. Quando ele foi assassinado, Carina já  integrava a Gangue das Loiras.


Bando se inspira em filme de criminosos
O chefe do grupo chamava suas colegas de “Bonnie”, enquanto as mulheres chamavam-no “Clyde”, em referência à dupla criminosa do filme “Bonnie e Clyde”. O filme, de 1967, do cineasta Arthur Penn, é baseado na história real do casal de ladrões de bancos Bonnie Parker e Clyde Barrow durante a depressão econômica nos Estados Unidos (1929-1930). “Mas com certeza eles não viram o filme até o final, já que a dupla terminou morta”, disse o delegado Alberto Pereira Matheus Júnior, responsável pela investigação do caso.
matéria extraída do site: